Na última postagem, eu fiz uma resenha breve sobre o livro "Filosofias da afirmação e da negação" do filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos. Seguindo na mesma linha, quero desenvolver um pouco um tema contido no livro. É o seguinte:
O conhecimento humano é
relativo ao ser humano, pois só podemos conhecer aquilo que é proporcionado aos
nossos esquemas mentais, como os sons que estão dentro da nossa capacidade
auditiva e as imagens que estão no espectro de vibrações captáveis pelos nossos
olhos. Os objetos que estão fora do campo de apreensão dos nossos esquemas não
podem ser conhecidos diretamente pelos sentidos.
Se em sentido amplo é assim,
em sentido restrito também parece ser, isto é, se no que diz respeito às
capacidades humanas totais de conhecer nós conhecemos apenas o que é
proporcionado aos esquemas humanos, no campo do conhecimento individual deve
também ser assim, pois uma criança, por exemplo, não é capaz de captar certas
nuances de significado que um adulto bem alfabetizado capta. A criança ainda
não tem os esquemas que proporcionariam a percepção, de modo que essas nuances
não são percebidas por ela. Assim, pois, no que diz respeito aos esquemas
adquiridos pela educação, a regra também é válida.
Nós mesmos, quando estudamos
um assunto, vamos compreendendo aos poucos o tema e até mesmo os conteúdos de
um livro de um grande autor. Não captamos tudo de uma vez, porque ainda não
temos os esquemas necessários para isso, os quais serão adquiridos aos poucos
após cada nova leitura, até que elementos outrora ocultos se revelem
gradativamente a nós. Inversamente, quem já possuísse os esquemas mentais
necessários, adquiridos através de outras leituras e outras experiências,
apreenderia num relance todo o conteúdo. Por isso, quanto mais um estudioso
desenvolve a sua linguagem pessoal e adquire conhecimento, mais facilmente ele
compreenderá o que estuda, tendo dificuldades apenas com aqueles temas mais novos,
para os quais ainda tem pouco aparato cognitivo.
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