segunda-feira, 23 de maio de 2016

Conhecimento humano e esquemas mentais

Na última postagem, eu fiz uma resenha breve sobre o livro "Filosofias da afirmação e da negação" do filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos. Seguindo na mesma linha, quero desenvolver um pouco um tema contido no livro. É o seguinte:

O conhecimento humano é relativo ao ser humano, pois só podemos conhecer aquilo que é proporcionado aos nossos esquemas mentais, como os sons que estão dentro da nossa capacidade auditiva e as imagens que estão no espectro de vibrações captáveis pelos nossos olhos. Os objetos que estão fora do campo de apreensão dos nossos esquemas não podem ser conhecidos diretamente pelos sentidos.
Se em sentido amplo é assim, em sentido restrito também parece ser, isto é, se no que diz respeito às capacidades humanas totais de conhecer nós conhecemos apenas o que é proporcionado aos esquemas humanos, no campo do conhecimento individual deve também ser assim, pois uma criança, por exemplo, não é capaz de captar certas nuances de significado que um adulto bem alfabetizado capta. A criança ainda não tem os esquemas que proporcionariam a percepção, de modo que essas nuances não são percebidas por ela. Assim, pois, no que diz respeito aos esquemas adquiridos pela educação, a regra também é válida.

Nós mesmos, quando estudamos um assunto, vamos compreendendo aos poucos o tema e até mesmo os conteúdos de um livro de um grande autor. Não captamos tudo de uma vez, porque ainda não temos os esquemas necessários para isso, os quais serão adquiridos aos poucos após cada nova leitura, até que elementos outrora ocultos se revelem gradativamente a nós. Inversamente, quem já possuísse os esquemas mentais necessários, adquiridos através de outras leituras e outras experiências, apreenderia num relance todo o conteúdo. Por isso, quanto mais um estudioso desenvolve a sua linguagem pessoal e adquire conhecimento, mais facilmente ele compreenderá o que estuda, tendo dificuldades apenas com aqueles temas mais novos, para os quais ainda tem pouco aparato cognitivo.

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