"Segundo Huizinga, no curso da evolução ascendente de uma
civilização, a representação artística através das imagens (pintura e
escultura) se aperfeiçoa primeiro; em seguida vem a vez da que acontece através
dos conceitos (Literatura). E no domínio das letras, é a poesia, isto é, a
expressão ritmada do pensamento que se recita em voz alta, que constituiria o
estágio primitivo. Quanto à leitura pelos olhos apenas, sem a participação da
voz, tal qual nós praticamos em nossos dias, ela é uma invenção do século XV. É
uma operação mental pura extremamente complexa, que vem coroar uma série de
aprendizagens (leitura em voz alta, escrita), fazendo, portanto, intervir os
circuitos cerebrais que controlam a visão, evidentemente, mas também a audição
e ainda a motricidade da mão e da boca. Além do mais, a dislexia, distúrbio de
leitura que confunde as letras, inverte as sílabas, etc., é tratada por vezes
com sucesso pela reeducação da função da audição-fonação em musicoterapia ou
somente pela lateralização da audição dominante à direita. Certamente, esses
casos isolados são sempre discutíveis, tanto mais que a dislexia pode ser
curada espontaneamente em aproximadamente 10% dos casos."
Do livro Musique, intelligence et personnalité do neurocientista Dr. Mingh Dung Nghiem.
Tradução de Jelcimar Luiz Rouver Júnior
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