quarta-feira, 27 de maio de 2015

Utopia


Seria maravilhoso se todas as pessoas de uma sociedade tivessem a autoconsciência de um grande filósofo, como Platão ou Aristóteles, a capacidade expressiva de um grande escritor, como Machado de Assis ou Camões, o desempenho artístico de um Michelangelo ou Rembrandt, a habilidade científica de um Newton ou Einstein, e assim por diante. Mais maravilhoso seria se a escola regular oferecesse tudo isso para os alunos desde o prezinho. Acontece que existe uma coisa chamada interesse. Nem todos estão interessados em ser filósofos ou cientistas, mas preferem ficar trabalhando no seu serviço braçal. Nem todos querem se tornar gênios da música universal, mas se contentam em levar a sua vida num emprego regular, com alguns intervalos de diversão. Não se pode forçá-las a querer o que não querem, elas devem ser respeitadas, de modo que uma sociedade composta só de gênios filósofos-artistas-escritores-cientistas-etc é uma utopia que não se realizará.

terça-feira, 26 de maio de 2015

A linguagem é muito mais


A linguagem pode ser encarada de diversas maneiras: ela é um meio de comunicação, um instrumento de aquisição de cultura e compreensão da realidade, um instrumento de ação e de poder, um meio de ampliar a autoconsciência, um meio de absorver a ordem cósmica, etc. A linguagem pode ser vista a partir do Logos divino, mencionado pelo apóstolo São João para falar de Jesus Cristo, de modo que a Palavra de Deus é a razão que ordena e sustenta o cosmos, e a nossa palavra só é palavra na medida em que participa do Logos eterno. Entretanto, a visão que mais se repetiu na boca dos professores que me deram aula na universidade e falaram sobre o tema foi a de que a linguagem é um meio de comunicação, de interação e de poder, limitando-se assim a uma visão marxista. Que ela é isso, é, mas também é muito mais.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Poesia e metáfora


A poesia tem por característica se expressar por metáforas, analogias, palavras polissêmicas, porque a realidade nos chega pelos sentidos de maneira compacta e confusa, de modo que a poesia procura expressá-la da forma mais direta possível. O romance também utiliza a metáfora e palavras com mais de um sentido, pois, afinal de contas, também é literatura e lida com conteúdos imaginativos, porém sua linguagem é menos compacta e menos direta. A poesia, poeticamente falando, é a porta de entrada das palavras no mundo dos discursos. O romance já é o segundo degrau da escada.

7 motivos para ver pinturas


Ver pinturas:
1) Acostuma com a experiência da beleza, o que tem efeitos inclusive terapêuticos.
2) Enriquece o imaginário.
3) Alimenta a inteligência. 
4) Fornece símbolos que ajudarão a compreensão de acontecimentos reais.
5) Coloca em contato com imagens que povoaram a imaginação de muita gente durante a história.
6) Ajuda a lembrar de acontecimentos históricos.
7) Desenvolve a capacidade de observação visual.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Literatura e vida intelectual


A literatura não é um ornamento para a vida, mas um requisito fundamental para desenvolver a inteligência. Ela não é um passatempo, mas uma fonte de crescimento intelectual. O poeta de verdade não está preocupado com fazer versinhos chiques e sentimentais, mas com registrar experiências humanas reais, de modo a cristalizá-las em versos, ensinando a população a dizer as próprias vivências. No aspecto social - que é apenas um dentre outros - o poeta tem a função de trazer um imaginário sadio para a sociedade e ensiná-la a falar o que vive. Daí que é lamentável que a literatura - e em especial a poesia - seja tão ignorada pelos estudantes do ensino regular e universitário.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Redenção da arte

A literatura e a arte em geral são uma espécie de redenção para os problemas da vida. Cruz e Sousa, por exemplo, viveu grandes dificuldades, desde a condição de negro numa sociedade escravagista até a morte de dois filhos e a loucura da mulher. Entretanto, sua poesia não é pessimista e desesperançada. Muito pelo contrário, acompanhando a evolução dos seus três livros poéticos, percebemos uma apuração espiritual, um crescimento da alegria, uma elevação da alma, uma transfiguração dos problemas em obra de arte. A impressão que me fica na leitura de "Últimos Sonetos" é que os sofrimentos de Cruz e Sousa fizeram dele uma pessoa boa. Dessa maneira, o poeta vencia e transcendia as suas dificuldades, fornecendo beleza para os seus leitores.