quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Dois exemplos da misericórdia de Deus

A Bíblia está repleta da misericórdia de Deus. Não apenas o Novo Testamento a revela, mas o Antigo também, porque Deus é misericordioso desde a eternidade. Evidentemente, Jesus Cristo, o Filho de Deus, é a revelação plena dessa misericórdia, mas já podemos vê-la prenunciada na vida de dois gigantes da fé: José do Egito e Moisés.

JOSÉ

José, filho de Jacó, era o mais novo de seus irmãos e desde sempre foi tratado com muita predileção pelo pai, que lhe deu, certa vez, uma túnica colorida que nenhum deles tinha jamais recebido. Uma túnica colorida era sinal de honra, em contraposição às túnicas de uma cor só, cinzentas, marrons, escuras ou claras, que eram apenas comuns. Além disso, José recebia sonhos de Deus. Ele os contava a seus irmãos, mas eles não podiam crer, pois os sonhos sempre mostravam José numa posição de destaque sobre os outros filhos de Jacó. José foi chamado pejorativamente de “sonhador”, até que seus irmãos não suportaram mais e quiseram matá-lo. Mas Rubens, o mais velho, dissuadiu-os de fazerem isso. Eles, então, lançaram-no numa cova, molharam sua túnica no sangue de um cabrito e a levaram a Jacó, dando-lhe a falsa notícia de que um urso havia devorado seu filho.

Depois que José fora lançado na cova, seus irmãos se assentaram junto dela para comerem. Aconteceu então que uma caravana de ismaelitas vinha passando nas proximidades e Judá convenceu os irmãos a venderem-no como escravo. O jovem rapaz foi conduzido ao Egito, provavelmente puxado por uma corda, recebendo socos e chutes, ofensas e humilhações, tendo que caminhar uma longa distância.

Quando chegou àquela terra estranha, foi vendido para Potifar, eunuco de Faraó e capitão da guarda. Mas José foi sempre fiel a Deus, nunca consentindo com o pecado. O Senhor o honrou grandemente. O rapaz lançado numa cova tornou-se o responsável por toda a casa do capitão, tendo poder sobre tudo, menos sobre a sua mulher, que, pondo os olhos em José, desejou-o e tentou seduzi-lo. Ele, contudo, resistiu. A mulher, vendo isso, acusou-o de ter tentado forçá-la a ter relações sexuais com ele. José foi enviado para o cárcere, onde interpretou dois sonhos, o do copeiro e o do padeiro. O primeiro seria restituído à sua posição diante de Faraó em três dias e o segundo seria morto em igual quantidade de tempo. E assim sucedeu. O copeiro voltou a estar na presença de Faraó e o padeiro foi enforcado. Ao copeiro, José pediu que se lembrasse dele quando estivesse novamente com o rei, mas ele não o atendeu. Somente depois de dois anos, quando Faraó teve um sonho à beira do rio e chamou seus adivinhadores e todos os sábios do Egito para lhe darem a interpretação, o que não puderam fazer, foi que o copeiro se lembrou de um jovem que tinha interpretado seu sonho e o do padeiro na prisão, tendo tudo acontecido como ele falou. Faraó então manda chamá-lo. 

Tiraram José dessa segunda cova, ele barbeou-se, trocou de roupa e apresentou-se a Faraó, que lhe contou todo o sonho, que falava de sete vacas gordas e sete vacas magras, sete espigas cheias e sete espigas secas. José interpretou o sonho, dizendo que as sete vacas gordas, assim como as sete espigas cheias, significavam sete anos de fartura sobre a terra do Egito e as sete vacas magras e as sete espigas secas, sete anos de fome. José deu ainda conselhos a Faraó, que humilde e sabiamente os seguiu, constituindo o jovem vendido como escravo como governador do Egito, a maior autoridade do reino abaixo do rei.

Os egípcios puderam assim se prevenir dos dias difíceis que viriam, Dessa forma, Deus abençoou o Egito pelas mãos de José. Mas não somente. A família do rapaz foi poupada da fome e livre da morte que veio sobre a terra em que viviam, pois também sobre ela veio uma grande escassez. Jacó e seus filhos foram morar no Egito, longe das dificuldades que assolavam as outras partes.

Neste ponto é que a misericórdia de Deus se revela magnificamente para nós, porque os irmãos de José tinham pecado seriamente duas vezes: quando venderam seu irmão como escravo, o que lhe causou terríveis sofrimentos e humilhações, e quando deram ao pai a dura, mas falsa notícia de que José tinha sido morto, o que encheu o coração do pai de uma dor horrível. Porém, Deus não os abandonou à morte pela fome, antes os livrou e os pôs em segurança. Mais ainda: Deus fez deles, depois, os patriarcas de Israel.

MOISÉS

Outro personagem do Antigo Testamento que revela a misericórdia de Deus é Moisés, que viveu muitos anos depois de José, tendo nascido já no Egito, num período de crise para o povo de Israel, pois os egípcios lhe impunham dura servidão.

Quando Moisés nasceu, sua mãe, uma mulher da tribo de Levi, vendo que era formoso, cuidou dele por três meses, mas não podendo ficar com o filho, pois não podia mais escondê-lo dos egípcios que procuravam matar os filhos dos hebreus, tomou uma atitude extrema. Fez uma arca de juncos, betumou-a, pôs o menino nela e a colocou nos juncos à borda do rio. A filha de Faraó desceu até ali para se banhar e a encontrou. Tendo-a aberto, viu a criança chorando e teve compaixão dela. A princesa reconheceu que era filho dos hebreus e mandou chamar uma hebreia para cuidar dele, a qual foi a própria mãe do menino. Quando já estava grande, sua mãe o levou para a filha de Faraó, que o adotou como filho, chamando-o de Moisés, dizendo: “Porque das águas o tenho tirado.” (Ex. 2.10)

Moisés cresceu na corte, recebeu a melhor educação de todo o mundo, sem sofrer perseguição de espécie alguma. Ele era príncipe no Egito, mas a identidade israelita estava no seu coração.

Aos 40 anos, vendo um descendente de Jacó ser ferido por um egípcio, interveio de maneira tão veemente e provavelmente brutal que o matou. Depois, enterrou-o na areia. No dia seguinte, saindo outra vez para encontrar seus irmãos israelitas, viu dois hebreus disputando sobre algo e arguiu o injusto: “Por que feres a teu próximo?” (Ex. 2.13) O injusto contestou a autoridade de Moisés sobre eles e disse: “Pensas matar-me, como mataste o egípcio?” (Ex. 2.14) Então, o príncipe egípcio teve medo de que Faraó já soubesse do assassinato e fugiu para a terra de Midiã.

Moisés viveu 40 anos longe das riquezas da corte, da grande metrópole egípcia, de todas as suas regalias. Na terra de Midiã, ele precisou aprender a pastorear ovelhas. Lá, casou-se com Zípora e teve dois filhos. Até que inesperadamente Deus lhe aparece numa sarça que queimava, mas não se consumia. O Senhor lhe chama para uma obra extraordinária: ser o libertador do povo de Israel. Moisés teve que se humilhar nesses longos anos em que passou longe do Egito. Antes ele aprendia com professores altamente gabaritados, mas agora a realidade lhe ensinava.

Deus chamar Moisés para ser o libertador de Israel é um fato que nos revela a Sua imensurável misericórdia, porque o descendente de Levi tinha cometido um pecado grave, que mancha a vida de uma pessoa. Mas Deus lhe deu uma nova oportunidade, ou, antes, não cancelou os planos firmados desde antes do seu nascimento. E Moisés foi o maior líder que o povo de Israel já teve, um homem que viveu experiências extraordinárias com Deus. Ele viveu mais 40 anos na liderança do povo e faleceu sobre o Monte Nebo, antes de entrar na terra prometida.

CONCLUSÃO

Essas duas histórias nos mostram como Deus, desde o Antigo Testamento, é misericordioso e cuida dos seus filhos, dando-lhes uma nova chance. Isso não significa que a vida será indolor e que os erros não terão consequências, mas, mesmo tendo cometido falhas, não devemos desesperar da misericórdia de Deus. Arrepender-se, emendar-se e clamar o Seu nome é o caminho.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Jesus transformando situações: um comentário sobre as Bodas de Caná e a Transfiguração de Nosso Senhor

Na vida de Jesus há dois acontecimentos análogos interessantíssimos: o primeiro milagre, em Caná da Galiléia, em que Cristo transformou água em vinho, e a Sua transfiguração no Monte Tabor. Em ambos, o Senhor transforma os elementos de maneira miraculosa. A maneira utilizada é, porém, distinta.
No primeiro caso, a festa de casamento, que nos tempos bíblicos durava uma semana, estava correndo alegremente, todos se encontravam felizes com aquele momento tão especial para os noivos. As músicas se sucediam em tom festivo, talvez fossem canções ao estilo do klezmer de Giora Feidman. Todos conversavam em alta voz, sorriam, olhando-se nos olhos, apertando-se as mãos, abraçando-se. Entretanto, por um descuido dos noivos, o vinho, que alegrava os corações, acaba. Eles se entreolham, sentem profundamente o momento. A noiva resolve prosseguir suas conversas, deixando a responsabilidade da resolução do problema para o noivo, que, perante a situação, talvez diante da falta de recursos para comprar vinho naquele momento, não sabe o que fazer. Uma tristeza invade seu coração, uma frustração enche seus pensamentos, seu rosto se turba, seu pescoço se inclina, seus olhos se fixam no nada.
A Santíssima Virgem, com sensibilidade e olhar atento, percebe de imediato o que acontecera e entende que só um milagre resolveria o problema, e ninguém melhor do que Seu Filho para realizá-lo.
- Meu Filho, eles não têm mais vinho. – intercedeu a Mãe do Senhor.
Jesus Cristo, que não tinha ido com o intuito de operar um milagre, diz:
- Não é chegada a minha hora.
Mas Maria, em vez de desanimar e desistir, dirige-se aos empregados e diz:
- Façam tudo o que ele disser a vocês.
Jesus então decide atender ao pedido de Nossa Senhora e trazer a alegria novamente àquela festa de casamento, que tinha começado tão bem, mas que parecia terminar inevitavelmente mal. Que marca não seria na vida daquele casal uma vergonha tão grande! 
Jesus manda encher seis talhas com água até a boca e ordena que as levem ao mestre-sala. Reparem a sutileza: o Senhor não fez nenhum gesto extravagante, não disse nenhuma palavra chamativa, não realizou nenhum sinal. O milagre foi sutil, porque, enquanto os empregados levavam a água para o mestre da festa, ela se transformou em vinho e a tristeza se dissipou, o sorriso voltou, voltaram a música, as conversas, os abraços, mas agora em grau muito maior.

Na transfiguração, Cristo chama os seus três discípulos mais próximos para acompanhá-lo ao Monte Tabor a fim de orar. Pedro, Tiago e João seguem-no, subindo, talvez, no escuro da noite, caminhos difíceis. Já chegados ao lugar, orando, os discípulos adormecem e só acordam quando Cristo se transfigura perante eles, tendo agora o Seu rosto “como o sol” e as suas roupas “brancas como a luz”. Aparecem junto ao Mestre o grandíssimo profeta Moisés e Elias, aquele que subiu aos céus numa carruagem de fogo. Pedro, sem saber o que estava dizendo, fala ao Senhor que era bom estarem naquele lugar. Ele diz ainda que, para permanecerem ali mais confortavelmente, os apóstolos construiriam uma tenda para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias. O Mestre então foi envolto numa nuvem luminosa e Deus Pai declarou naquele momento: “Este é o meu amado Filho, a ele ouvi.” Quando a nuvem se desfez, só estava ali Jesus, sem os profetas. Desceram então do monte para junto dos outros discípulos.
Nos dois acontecimentos, há uma mudança súbita da natureza: água feita vinho, aparência meramente humana de Jesus transfigurada em forma gloriosa, luminosa e poderosa. No segundo caso, Jesus opera um grande sinal perante os olhos dos discípulos, sem sutileza, mas explicitamente, embora depois tenha lhes ordenado que não contassem aquela experiência para ninguém até que ele ressuscitasse. A Transfiguração serviu para fortalecer a fé dos apóstolos, fazendo-os lembrar, em momentos muito dolorosos depois da morte de Jesus, que Cristo tem poder para ressuscitar dos mortos, mudando as situações miraculosamente.

Da mesma forma, quem está passando por situações complicadas, nas quais parece que os fundamentos da vida e da fé foram abalados, os rumos modificados, a incerteza presente, deve sempre lembrar que Jesus Cristo é poderoso para, sutil ou explicitamente, transformar as circunstâncias mais difíceis em momentos de intensa e desconhecida alegria.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

STF acata processo do Partido Comunista do Brasil

O país passa por uma profunda crise política e econômica, precedida por um desaparecimento da cultura superior de mais de 40 anos. Dilma Rousseff ocupa o cargo de presidente da República, não tendo nem 171 deputados a seu favor na Câmara. A população brasileira, em manifestações com recordes de aderência, declarou não querer mais nem Dilma, nem esse sistema político corrupto que nos governa. Um pedido de Impeachment foi deflagrado há alguns dias, mas o que acontece? O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) entra com um processo junto ao STF, questionando o rito de impeachment do processo de Eduardo Cunha, a votação secreta ocorrida na Câmara, as eleições avulsas de deputados para a Comissão Especial e não sei mais o quê.
E então? Hoje, o STF, por maioria, acatou as reclamações do Partido Comunista. Assim, por um lado, a Suprema Corte se colocou como uma barreira contra a realização da vontade popular, por outro, nós vemos que não há crise que faça com que a democracia seja atendida neste país, uma vez que a população já disse que reprova Dilma e a classe política. Há uma pedra no caminho do Brasil e o STF é um pedaço.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Lista de músicas favoritas 03

Algumas músicas judaicas são bastante repetitivas, mas deliciosas. Elas têm uma estrutura circular, por assim dizer, que se repete muitas vezes sem causar nenhum cansaço. Muito pelo contrário, elas poderiam ser ouvidas ilimitadamente. Elas ficam grudadas na memória mesmo depois de algum tempo da audição. Desfrutem!

(Clique no título ou no link)

01) Shiru Lamelech (Mordechai ben David)
https://www.youtube.com/watch?v=cexpNjomDEc

02) Oseh Shalom
https://www.youtube.com/watch?v=iKjSvZ3sBjM

03) Hinei Ma Tov (Salmo 133)
https://www.youtube.com/watch?v=lZs9ld3klPo

04) Dona Dona (Chava Alberstein)
https://www.youtube.com/watch?v=oslEIsL8Mbs

05) Ma Avarech (Daliah Davi)
https://www.youtube.com/watch?v=vy5rd98DjiM

06) Melodia chassídica (Doris Savchuk Yevarechecha)
https://www.youtube.com/watch?v=wsJD7geTQwI

07) Mazel Tov (Giora Feidman)
https://www.youtube.com/watch?v=WctTiwJ5VRU

08) Shalom Aleichem
https://www.youtube.com/watch?v=BDGOCblJDYs

09) Halleluijah
https://www.youtube.com/watch?v=qv7Gw3AUUZc

10) A alegria do Klezmer (The Klezmer's Freilach) (Giora Feidman)
https://www.youtube.com/watch?v=jOKnUKIZ_Kc

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O Brasil vai bem

O Brasil está bem. As nossas universidades são de primeiríssima qualidade. Delas saem os maiores intelectuais da atualidade, todos com influência internacional. Eles povoam as livrarias brasileiras e mundiais com literatura de grosso calibre, expressando e tornando lúcida a experiência de vida do brasileiro comum. Nossa literatura é robusta, pujante e o mundo tem muito a aprender conosco. As teses acadêmicas, produzidas em multidão, são a verdadeira glória da Academia dos nossos dias. Não fosse a nossa universidade, pobre do mundo!
O Brasil está muito bem, obrigado. Os políticos são honesto e justos, todos muito bem informados, capacitados, rejeitando os males antigos e novos, como o comunismo. Eles não erram uma!
A crise está longe de nós. As nossas instituições são sólidas, o Governo é capaz e nos deixa orgulhosos perante o mundo. A nossa presidente é uma verdadeira estadista, a nível dos maiores nomes da História. Para citar alguns apenas: Margaret Thatcher, Winston Churchill, Napoleão e, não quero ser imodesto, Júlio César e Alexandre.
Todos os partidos corruptos e criminosos foram fechados há muito, por conta da atenção ágil dos nossos políticos e de uma mídia vigilante e comprometida com a informação isenta, imparcial e verdadeira.
A Economia? Vai bem! Experimentamos a cada mês um crescimento vertiginoso do PIB, da Bolsa, dos salários. Não há desemprego entre nós. Todos estão muito satisfeitos e tranquilos em relação ao futuro.
A Saúde? Maravilha! Os hospitais públicos parecem hospitais particulares de primeiro mundo. Aliás, nós somos o primeiro mundo, não faltam exames, medicamentos, consultas, cirurgias. As mães ficam muito tranquilas na hora de ganhar os seus filhos pelo SUS.
E o que falar da Educação regular? Professores capacitados, não comprometidos ideologicamente, que recebem excelentes salários, sendo recompensados por todo o esforço que empreenderam na graduação e pós-graduações; as condições de trabalho são ótimas. Uma beleza!
Na Religião ninguém discute. Todo mundo está satisfeito com a sua, pois os ministros são sempre altamente capacitados e absolutamente todos são de uma sinceridade invejável. Não existem charlatães.
Enfim, pense no que quiser. Você verá que tudo está caminhando na mais absoluta normalidade, como se diz, de vento em popa. Tempos maravilhosos os nossos!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O "fim de ciclo" da poesia

O professor Olavo de Carvalho, no livro Aristóteles em Nova Perspectiva, escreve que a Teoria dos Quatro Discursos descreve a evolução histórica da cultura. Cada discurso predomina durante uma época e o que se segue não é um discurso aleatório, mas determinado, segundo o "princípio de sucessão dos discursos". O Poético é sucedido pelo Retórico, que dá lugar ao Dialético, que cede espaço para o Lógico-analítico. Assim, no Ocidente, o discurso poético predominou até o século VII a. C. quando a religião grega perdeu autoridade. O discurso retórico, que veio em seguida, predominou do seculo VI a. C. ao I a. C. quando a oratória deixou de ter sua função social, porque não era mais usada como forma de ação política. Com o advento do Cristianismo, o discurso poético tomou nova força e predominou até o século VI d. C. com o fim da Era Patrística (neste caso, houve uma influência externa, oriental). Em seguida, o discurso dialético dominou até o século XV, tendo seu auge no século XIII, com a escolástica. No século XVI, com o racionalismo clássico de Descartes, Newton, Leibniz, etc., o discurso lógico-analítico deu as cartas.
Quando um discurso se torna predominante, ele não elimina os outros, mas estes assumem um novo papel. Dessa forma, na Grécia antiga, o discurso mitopoético era parte da religião coletiva, tinha autoridade sacerdotal, mágica (acreditava-se que as palavras eram carregadas de potência agente sobre a natureza e o sujeito se confundia com o objeto, isto é, as palavras do sacerdote geravam consequências naturais). Com o fim desse período, a poesia deixa de ser coletiva e passa a ser expressão individual, tecnicamente consciente.
Já no século XX, tendo se tornado maximamente autônoma - inclusive livre de todo o compromisso com o conteúdo - privilegiando a forma (Mallarmé, Joyce), a poesia se assemelha aos oráculos antigos, mas agora sem a função oracular. Ninguém acredita que as palavras de um poeta terão consequências naturais. É, por assim dizer, um oráculo "vazio". Ela encontra, dessa maneira, o seu "fim de ciclo". Mas o que significa isso? Um novo período poético está começando? O ciclo lógico-analítico terminou? Quem sabe?

As aparições em Fátima e os erros da Rússia

Em 1917, Nossa Senhora apareceu a 3 pastorezinhos na Cova da Iria, na cidade de Fátima, em Portugal. Foram 6 aparições em que a Virgem Maria dava instruções e profecias às crianças, realizando, na última aparição, um milagre visto por 60 ou 70 mil pessoas, a dança do sol.
A Mãe do Senhor Jesus mostrou aos pequeninos o inferno e o triste padecimento das almas condenadas, pedindo-lhes que fizessem penitência pelas almas dos pecadores que ainda estavam sobre a terra e que rezassem o terço todos os dias. Depois anunciou-lhes terríveis castigos para a humanidade devidos ao afastamento que os homens fizeram de Deus, à vida irreligiosa e imoral e ao crescimento dos pecados da humanidade nos últimos tempos (pense no contexto histórico, cultural, tecnológico, etc, da época e no que se seguiu).
Em seguida, Ela disse que o modo pelo qual as calamidades vindouras poderiam ser evitadas era a consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração, a devoção do primeiro sábado de cinco meses seguidos, o terço rezado todos os dias e penitências para desagravo do Imaculado Coração. Se isso não fosse feito, a Rússia espalharia os seus erros pelo mundo, surgiria um tempo de dura perseguição à Igreja e o Santo Padre teria muito de sofrer.
Desde a primeira aparição até hoje, a consagração não foi feita. Em 1942, o Papa Pio XII fez uma consagração do mundo, mas a própria Irmã Lúcia, a mais velha dos 3 pastorezinhos, asseverou que não reunia todas as características necessárias. Era preciso consagrar a Rússia numa cerimônia solene, reunindo todos os bispos do mundo. O Papa João Paulo II, em 1984, desejou fazer a consagração, pôs uma grande imagem de Nossa Senhora de Fátima na Praça de São Pedro, mas, como nos informa o padre Gabriele Amorth, organizador do evento, cercado de políticos importantes, João Paulo II titubeou e perguntou-lhes duas vezes a respeito da Rússia, ao que responderam que não era para fazer nenhuma menção à Rússia. No livro "Fátima, Aurora do Terceiro Milênio", do monsenhor João S. Clá Dias, o autor nos diz que a Irmã Lúcia aceitou como válida essa consagração feita por João Paulo II, porém, como vimos, o próprio organizador do evento, pe. Amorth, diz que não.
A Rússia já espalhou seus erros pelo mundo, porque até o islamismo de hoje tem a ver com o comunismo (ou com a mentalidade revolucionária marxista), porque no século passado Said Qutub fez uma interpretação marxista do Corão, que teve aceitação avassaladora.

Os tempos anunciados eram de muitas dores, caso os homens não se emendassem, no entanto, de um jeito ou de outro, por fim o Imaculado Coração de Maria triunfará, como disse Nossa Senhora em Fátima, vindo sobre a terra um tempo de paz, o Reino de Maria anunciado por São Luís Maria Grignon de Montfort.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Lista de músicas favoritas 02

Selecionei mais 10 músicas das minhas favoritas para compartilhar com vocês.

(Clique sobre o título da música)

01 - No llores por mi Argentina (Paloma San Basilio, argentina)
02 - The Rose of Tralee - Mary of Argill (Stuart Burrows, irlandesas)
03 - Dans la vie en vrai (Anne Sylvestre, francesa)
04 - Le plus beau du quartier (Carla Bruni, francesa)
05 - Sous le ciel de Paris (Yves Montand, francesa)
06 - Valsa musette nostálgica (Daniel Thonon, francesa)
07 - Le jardin extraordinaire (Charles Trenet, francesa)
08 - Padam padam (Edith Piaf, francesa)
09 - Por una cabeza (Carlos Gardel, argentina)
10 - Ya Rayah (Rachid Taha, argelina)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Lista de músicas favoritas 01

Sempre escutei muitas músicas, pois desde os onze anos toco contra-baixo elétrico, mas de 2012 para cá fiz do escutar música uma verdadeira compulsão educativa, isto é, auto-educativa, porque a música está intimamente ligada à auto-educação, uma vez que ela forma a vida emocional do indivíduo e estrutura a sua inteligência. Escutei de tudo: música judaica, árabe, chinesa, egípcia, suméria, assíria, grega, viking, celta, islandesa, turaniana, alemã, medieval, católica, pagã, hindu, budista, muçulmana, erudita, pop, trilhas de novelas e de filmes, etc. Passei muito tempo procurando canções no Youtube e mais tempo ainda apreciando-as. Separei alguns pendrives onde armazenei as favoritas, das quais quero compartilhar algumas com vocês para que possam se deleitar e se desafiar, porque escutar músicas tão diversas pode ser um desafio. A música é a mais espiritual das artes e pode tanto estimular a inteligência como atrapalhá-la. Ela dá a forma dos pensamentos, o ritmo das idéias, as sequências dos sentimentos, a forma mentis, por assim dizer. Uma prática interessante é observar as correspondências estilísticas entre a música, a literatura e a pintura de uma época em particular, o que revelará características da mentalidade dominante num tempo e num espaço determinados. Mas, sem mais delongas, listarei, nesta primeira seleção, dez canções para vocês.

01 - Credo Niceno (católica)
02 - Al Kol Ele (Naomir Shemer, judaica)
03 - Yerushalaim Shel Zahav (Naomir Shemer, judaica)
04 - Hava Nagila (judaica)
05 - Tum Balalaika (judaica)
06 - Expectation (Herold Lavrentievich Kittler, russa)
07 - Broken strings (russa)
08 - Don Raffaè - O poderoso Chefão (Fabrizio De André, italiana)
09 - O' Sarracino (italiana)
10 - 綠野仙蹤 (O Mágico de Oz) 陳悅 (ChenYue, chinesa)

domingo, 6 de dezembro de 2015

Festividades de Nossa Senhora da Conceição em Alfredo Chaves


Em Alfredo Chaves, nesse último sábado (05/12/15), aconteceram as festividades da Padroeira da cidade Nossa Senhora da Conceição. Houve o terço rezado coletivamente, o sétimo dia de uma novena, a missa e depois a procissão.
Caminhando pelas ruas, pude refletir um pouco. A vida é como uma procissão em que levamos a nossa vela atacada pelos ventos. Precisamos de atenção para protegê-la, porque não podemos deixar o fogo apagar-se, atenção para não tropeçar em alguma pedra ou buraco e atenção para seguir rezando. Nossa Senhora conduz os caminhantes. Se acontece de a vela apagar, deve-se rapidamente recorrer a um amigo ao lado, para que ele reacenda a nossa chama. Por isso, é importante estar acompanhado de quem tenha fogo espiritual.
A vela derrete e suas gotas quentes caem em nossos dedos, causando dor. Algumas pessoas espertas protegem as mãos com panos e as velas com plástico contra o vento. Essas são pessoas precavidas que souberam evitar alguns sofrimentos na vida.

Demolindo para reconstruir: efeitos da obra de Olavo de Carvalho

Conhecer a obra do professor Olavo de Carvalho é para quem esteja disposto a encarar mudanças profundas na vida. Primeiro, as suas ilusões filosóficas e intelectuais são demolidas uma por uma; depois, você perde o grupo de referência que estruturou a sua vida por muitos anos; em terceiro lugar, fica deslocado de qualquer grupo, é um perdido no meio de uma floresta desconhecida. Até aqui posso descrever, mas imagino que depois o sujeito vá reestruturando a sua vida já num novo lugar, num terreno firme, e com possibilidades de crescer muito mais do que antes. É o processo de destruir as paredes antigas e frágeis, mal erguidas, para a estruturação de um novo edifício.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Pierre-Auguste Renoir e a pintura


Pierre-Auguste Renoir (25 de fevereiro de 1841 - 3 de dezembro 1919) nasceu numa família que tinha talento com as mãos: seu pai, mãe e irmã eram alfaiates, um irmão, ourives, e o outro desenhista de moda. Para Renoir, a pintura não era uma fantasia vã, mas antes de tudo um trabalho manual. Ele se alegrava no fato de não ter nascido numa família de intelectuais, porque então, como dizia, iria precisar de muitos anos para se livrar de ideias que atrapalhariam ver a realidade como ela é.
O pintor impressionista começou sua carreira profissional pintando porcelanas e paredes de cafés, onde compunha grandes cenas mitológicas. O artista, que se dirigia ao Louvre para copiar o Peter Paul Rubens, sabia da importância de imitar os mestres do passado e dizia que não há maneira de compreendê-los senão copiando-os. Ontem completaram-se 96 anos de seu falecimento.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Ação divina e ação humana

Deus estar no controle é uma frase feita, que precisa ser analisada para ser compreendida. Ela não significa que Deus está controlando todas as coisas dentro de uma necessidade independente das nossas ações. A ação humana coopera para o sucesso da vida humana. Pessoas que não se esforçam não podem ter sucesso, porque elas estão se eximindo de fazer a própria obrigação. Porém, isso não quer dizer que o ser humano esteja completamente entregue às suas ações e capacidades, porque as forças humanas são muito limitadas, sua consciência está longe de abarcar a totalidade da existência. Muito pelo contrário, o que ele enxerga é um minúsculo ponto de luz rodeado por uma massa ilimitada de trevas, uma ilha de conhecimento dentro de um oceano desconhecido, de modo que há uma conjunção das ações humanas e divinas. O homem age confiando que Deus fará as suas ações prosperarem e que, quando for necessário, Ele revelará possibilidades ainda não vistas, soluções inesperadas.