quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Dois exemplos da misericórdia de Deus

A Bíblia está repleta da misericórdia de Deus. Não apenas o Novo Testamento a revela, mas o Antigo também, porque Deus é misericordioso desde a eternidade. Evidentemente, Jesus Cristo, o Filho de Deus, é a revelação plena dessa misericórdia, mas já podemos vê-la prenunciada na vida de dois gigantes da fé: José do Egito e Moisés.

JOSÉ

José, filho de Jacó, era o mais novo de seus irmãos e desde sempre foi tratado com muita predileção pelo pai, que lhe deu, certa vez, uma túnica colorida que nenhum deles tinha jamais recebido. Uma túnica colorida era sinal de honra, em contraposição às túnicas de uma cor só, cinzentas, marrons, escuras ou claras, que eram apenas comuns. Além disso, José recebia sonhos de Deus. Ele os contava a seus irmãos, mas eles não podiam crer, pois os sonhos sempre mostravam José numa posição de destaque sobre os outros filhos de Jacó. José foi chamado pejorativamente de “sonhador”, até que seus irmãos não suportaram mais e quiseram matá-lo. Mas Rubens, o mais velho, dissuadiu-os de fazerem isso. Eles, então, lançaram-no numa cova, molharam sua túnica no sangue de um cabrito e a levaram a Jacó, dando-lhe a falsa notícia de que um urso havia devorado seu filho.

Depois que José fora lançado na cova, seus irmãos se assentaram junto dela para comerem. Aconteceu então que uma caravana de ismaelitas vinha passando nas proximidades e Judá convenceu os irmãos a venderem-no como escravo. O jovem rapaz foi conduzido ao Egito, provavelmente puxado por uma corda, recebendo socos e chutes, ofensas e humilhações, tendo que caminhar uma longa distância.

Quando chegou àquela terra estranha, foi vendido para Potifar, eunuco de Faraó e capitão da guarda. Mas José foi sempre fiel a Deus, nunca consentindo com o pecado. O Senhor o honrou grandemente. O rapaz lançado numa cova tornou-se o responsável por toda a casa do capitão, tendo poder sobre tudo, menos sobre a sua mulher, que, pondo os olhos em José, desejou-o e tentou seduzi-lo. Ele, contudo, resistiu. A mulher, vendo isso, acusou-o de ter tentado forçá-la a ter relações sexuais com ele. José foi enviado para o cárcere, onde interpretou dois sonhos, o do copeiro e o do padeiro. O primeiro seria restituído à sua posição diante de Faraó em três dias e o segundo seria morto em igual quantidade de tempo. E assim sucedeu. O copeiro voltou a estar na presença de Faraó e o padeiro foi enforcado. Ao copeiro, José pediu que se lembrasse dele quando estivesse novamente com o rei, mas ele não o atendeu. Somente depois de dois anos, quando Faraó teve um sonho à beira do rio e chamou seus adivinhadores e todos os sábios do Egito para lhe darem a interpretação, o que não puderam fazer, foi que o copeiro se lembrou de um jovem que tinha interpretado seu sonho e o do padeiro na prisão, tendo tudo acontecido como ele falou. Faraó então manda chamá-lo. 

Tiraram José dessa segunda cova, ele barbeou-se, trocou de roupa e apresentou-se a Faraó, que lhe contou todo o sonho, que falava de sete vacas gordas e sete vacas magras, sete espigas cheias e sete espigas secas. José interpretou o sonho, dizendo que as sete vacas gordas, assim como as sete espigas cheias, significavam sete anos de fartura sobre a terra do Egito e as sete vacas magras e as sete espigas secas, sete anos de fome. José deu ainda conselhos a Faraó, que humilde e sabiamente os seguiu, constituindo o jovem vendido como escravo como governador do Egito, a maior autoridade do reino abaixo do rei.

Os egípcios puderam assim se prevenir dos dias difíceis que viriam, Dessa forma, Deus abençoou o Egito pelas mãos de José. Mas não somente. A família do rapaz foi poupada da fome e livre da morte que veio sobre a terra em que viviam, pois também sobre ela veio uma grande escassez. Jacó e seus filhos foram morar no Egito, longe das dificuldades que assolavam as outras partes.

Neste ponto é que a misericórdia de Deus se revela magnificamente para nós, porque os irmãos de José tinham pecado seriamente duas vezes: quando venderam seu irmão como escravo, o que lhe causou terríveis sofrimentos e humilhações, e quando deram ao pai a dura, mas falsa notícia de que José tinha sido morto, o que encheu o coração do pai de uma dor horrível. Porém, Deus não os abandonou à morte pela fome, antes os livrou e os pôs em segurança. Mais ainda: Deus fez deles, depois, os patriarcas de Israel.

MOISÉS

Outro personagem do Antigo Testamento que revela a misericórdia de Deus é Moisés, que viveu muitos anos depois de José, tendo nascido já no Egito, num período de crise para o povo de Israel, pois os egípcios lhe impunham dura servidão.

Quando Moisés nasceu, sua mãe, uma mulher da tribo de Levi, vendo que era formoso, cuidou dele por três meses, mas não podendo ficar com o filho, pois não podia mais escondê-lo dos egípcios que procuravam matar os filhos dos hebreus, tomou uma atitude extrema. Fez uma arca de juncos, betumou-a, pôs o menino nela e a colocou nos juncos à borda do rio. A filha de Faraó desceu até ali para se banhar e a encontrou. Tendo-a aberto, viu a criança chorando e teve compaixão dela. A princesa reconheceu que era filho dos hebreus e mandou chamar uma hebreia para cuidar dele, a qual foi a própria mãe do menino. Quando já estava grande, sua mãe o levou para a filha de Faraó, que o adotou como filho, chamando-o de Moisés, dizendo: “Porque das águas o tenho tirado.” (Ex. 2.10)

Moisés cresceu na corte, recebeu a melhor educação de todo o mundo, sem sofrer perseguição de espécie alguma. Ele era príncipe no Egito, mas a identidade israelita estava no seu coração.

Aos 40 anos, vendo um descendente de Jacó ser ferido por um egípcio, interveio de maneira tão veemente e provavelmente brutal que o matou. Depois, enterrou-o na areia. No dia seguinte, saindo outra vez para encontrar seus irmãos israelitas, viu dois hebreus disputando sobre algo e arguiu o injusto: “Por que feres a teu próximo?” (Ex. 2.13) O injusto contestou a autoridade de Moisés sobre eles e disse: “Pensas matar-me, como mataste o egípcio?” (Ex. 2.14) Então, o príncipe egípcio teve medo de que Faraó já soubesse do assassinato e fugiu para a terra de Midiã.

Moisés viveu 40 anos longe das riquezas da corte, da grande metrópole egípcia, de todas as suas regalias. Na terra de Midiã, ele precisou aprender a pastorear ovelhas. Lá, casou-se com Zípora e teve dois filhos. Até que inesperadamente Deus lhe aparece numa sarça que queimava, mas não se consumia. O Senhor lhe chama para uma obra extraordinária: ser o libertador do povo de Israel. Moisés teve que se humilhar nesses longos anos em que passou longe do Egito. Antes ele aprendia com professores altamente gabaritados, mas agora a realidade lhe ensinava.

Deus chamar Moisés para ser o libertador de Israel é um fato que nos revela a Sua imensurável misericórdia, porque o descendente de Levi tinha cometido um pecado grave, que mancha a vida de uma pessoa. Mas Deus lhe deu uma nova oportunidade, ou, antes, não cancelou os planos firmados desde antes do seu nascimento. E Moisés foi o maior líder que o povo de Israel já teve, um homem que viveu experiências extraordinárias com Deus. Ele viveu mais 40 anos na liderança do povo e faleceu sobre o Monte Nebo, antes de entrar na terra prometida.

CONCLUSÃO

Essas duas histórias nos mostram como Deus, desde o Antigo Testamento, é misericordioso e cuida dos seus filhos, dando-lhes uma nova chance. Isso não significa que a vida será indolor e que os erros não terão consequências, mas, mesmo tendo cometido falhas, não devemos desesperar da misericórdia de Deus. Arrepender-se, emendar-se e clamar o Seu nome é o caminho.

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