sábado, 29 de agosto de 2015

Resumo da aula 305 do COF


Na aula do Curso Online de Filosofia de hoje (305), o professor Olavo de Carvalho começou comentando a situação política atual brasileira e remontou até à Reforma Protestante, quando Lutero pregava a inexistência de qualquer mediador entre Deus e os homens, salvo Jesus Cristo, de modo que o clero perdia a sua autoridade, que, na verdade, passava para as mãos dos reis, sendo a razão de Estado a única personificação da vontade divina. Isso acabou desembocando inevitavelmente na divinização do Estado, no Iluminismo, na rejeição do rei como autoridade e no nascimento da democracia moderna, que em si já tem o germe da tirania. A democracia é um arranjo provisório que sempre termina nela, como dizia Bernanos, que a democracia não é oposta à ditadura, mas o seu início.
O clero caiu como autoridade espiritual para a população, os reis surgiram e caíram e os intelectuais passaram a ser a nova casta sacerdotal, sendo que, na verdade, é a mídia que exerce essa autoridade, criando ídolos intelectuais em sua fábrica e impondo seus padrões morais.
Nesse quadro, tornar-se um intelectual independente da mídia é possível e necessário, sendo a vitória certa, mas o segredo é ter um modelo moral seguro para seguir. Contudo, hoje não há mais esse espelho para nos olharmos, pois, de certa forma, a profecia de Lutero se cumpriu: não há mais mediador. O que fazer então? A saída é implorar ao Espírito Santo que nos guie no bem e na verdade, ainda que nós não saibamos o que estamos fazendo. Quando não há autoridade espiritual, o apostolado leigo funciona muito bem.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Sobre o amor

A comunhão espiritual entre um homem e uma mulher é um das coisas mais saborosas que tem. A intimidade surge de repente, como se eles se conhecessem a vida inteira. Surge também um desejo intenso de fazer o outro maximamente feliz, com uma felicidade que dure o maior tempo possível, tornando-se eterna. Nesse momento, o amor encontra o desejo da salvação bíblica, uma vez que a felicidade eterna está para além desta vida. Nisso se vê a verdade do que o apóstolo Paulo escreveu sobre os deveres do esposo e da esposa na Epístola Aos Efésios. Esse amor está a léguas de distância do simples desejo sexual e aqueles que se prendem à aparência física, não concebendo nada de mais alto que ela, acabam não conhecendo o que é mais importante.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

A educação como busca de Deus

A educação, quando proporciona maior sinceridade, autoconsciência, temor reverente perante à realidade, fortalecimento da alma, desenvolvimento do espírito, é um modo de aproximar-se de Deus. Não que por si ela seja suficiente para a salvação, mas é um esforço humano em direção à verdade, que é Jesus Cristo. Quando, por exemplo, desenvolvemos nossa imaginação e nos tornamos capazes de nos colocar no lugar dos personagens bíblicos, e quando desenvolvemos a nossa linguagem consideravelmente, podemos absorver melhor as palavras das Escrituras, vendo, sentindo e retendo melhor os acontecimento. Quando temos uma imaginação cultivada, podemos perceber melhor os sentidos das situações reais pelas quais passamos, e isso é captar o que elas têm de imaterial, mas verdadeiro e presente.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Linguagem Literária, Bíblia e Doutrina

Sem absorver a linguagem literária, as palavras da Bíblia e da doutrina, católica ou protestante, não podem ser devidamente compreendidas. Isso acontece por um fator muito simples: o acesso que temos a elas se dá através da linguagem humana, que a Literatura procura desenvolver maximamente. Uma pessoa sem nenhum treinamento literário deixará muita coisa passar despercebida e mal compreendida na leitura, de modo que não entenderá fina e justamente o que está dito.
A Literatura é onde se treina a percepção das nuances de significado, das intenções do autor, do simbolismo das expressões e acontecimentos e da referência do texto à realidade. Quem nunca se dedicou a absorver esses aspectos da linguagem humana não conseguirá compreender as palavras sagradas e fará associações indevidas, deixando escapar o fundo simbólico por trás da literalidade e não saberá aplicar com precisão as Escrituras e doutrina à sua realidade atual. A pessoa sem treino poderá até compreender seus significados imediatos, de maneira rudimentar e conceitual, e ficar raciocinando por estereótipos e esquemas verbais, frases feitas, sem nunca atinar com a realidade. Apenas para citar um exemplo, o sujeito lê a passagem em que Cristo diz que quem lançar mão da espada à espada morrerá e toma isso como um imperativo para todas as situações da vida, de modo que quem pegar uma arma para se defender sempre estará cometendo uma desobediência a Deus. Ele não pensa nos soldados e policiais, não pensa na autodefesa, não pensa que Cristo poderia estar falando diretamente para os discípulos que estavam com ele, aplicando a palavra para aquele exato momento, de modo que quem lançasse mão da espada, naquele instante, cercados de guardas e em que Cristo deveria se entregar, iria morrer à espada. Daí que o sujeito se torna desarmamentista hoje no Brasil, consentindo com a agenda esquerdista e defendendo, quer ligue os pontos e conclua, quer não, que toda a população fique indefesa perante criminosos cruéis, por causa de uma incompreensão das Escrituras. Ele sequer considera que Jesus, em outro momento, disse para os discípulos carregarem uma espada.
Um leigo, que não tem esse treinamento, terá uma inteligência rudimentar dos textos sagrados e da doutrina, ficando dependente de alguém mais instruído, como, na verdade, parece ser a coisa mais comum, mais natural. O que o leigo não pode fazer é querer desbancar pessoas que tenham melhor compreensão mediante o expediente de afirmar a sua interpretação tosca como melhor do que a delas.
É claro que um indivíduo pode receber a sabedoria infusa, mas isso é iniciativa somente de Deus e não incumbência do homem. Pode também ter convivido com o próprio Verbo Divino, como os discípulos, de modo a aprenderem em três anos o que nenhum escriba ou filósofo jamais aprendeu em toda a vida. Por fim, pode absorver lenta e indiretamente a linguagem literária através de outros livros que, não sendo propriamente literários, foram muito bem escritos, por autores que conheciam a Literatura. Além disso, há também a possibilidade de uma melhora na compreensão bíblica e doutrinal mediante a oralidade de uma língua altamente desenvolvida, falada com toda a desenvoltura pelos habitantes de uma nação, mas, dado o desastre do nosso idioma atualmente falado no dia a dia, esse não é o caso do Brasil hoje.
Muito mais simples é dedicar-se à absorção da Literatura, que nos fornecerá a linguagem e os símbolos que enriquecerão o nosso imaginário, de modo a nos auxiliar na compreensão das Escrituras, que são tão profundas, vastas, abrangentes e preciosas, que servirão pelos séculos dos séculos até o fim dos tempos, e da doutrina, que é um discurso racional, que precisa ser atualizado imaginativamente por cada leitor.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Figuras da imaginação

Leibniz dizia que quem visse a maior quantidade de figuras seria a pessoa mais inteligente. Isso porque as imagens se tornam símbolos na nossa imaginação, de maneira que nós teremos uma quantidade maior de pontos de comparação quando nos depararmos com as situações da vida. Não importa se são imagens surrealistas ou realistas, que mostram cenas da vida comum ou impossíveis de se ver no dia a dia, todas são úteis. As imagens estão na base da formação dos conceitos. O pensamento abstrato não pode se formar sem os símbolos da imaginação. Como dizia Aristóteles, o conhecimento começa pelos sentidos. Uma imagem, uma música mexem com os sentidos e lançam luz em pontos até então não percebidos, causam uma intuição que gerará várias intelecções, abrem janelas e inspiram.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Jesus Cristo conosco na Eucaristia


Este pequeno livro fala da Eucaristia, que para o catolicismo não é apenas um símbolo do corpo e do sangue de Cristo, mas, conforme as próprias palavras do Senhor no Evangelho, é o Seu corpo e o Seu sangue. Além de tocar em aspectos básicos da doutrina eucarística, o livro traz relatos históricos de milagres relacionados, como, apenas para citar um, o de Santa Clara de Assis, que, cercada pelas tropas italianas inimigas, toma o cibório nas mãos (cibório é a taça dourada com tampa onde as hóstias consagradas são guardadas) e suplica a Deus o livramento para ela e as irmãs que estavam sob sua proteção. Deus a responde, ela se levanta, tranquiliza as companheiras, sai em direção aos soldados e, na noite escura, ergue o cibório aos céus. Uma luz fortíssima refulge e os inimigos ficam cegos; desesperados, saem em debandada, ficando Santa Clara e as irmãs a salvo de todo o perigo. 

O livro fala também da relação entre a Eucaristia e Maria, que concebeu Jesus Cristo em seu ventre e glorificou a Deus imensamente no que se chamou de Magnificat. Como o Magnificat, em que a Santíssima Virgem exalta sumamente a Deus por ter atentado para a pequenez da sua serva, de modo que todos a chamariam futuramente de bem- aventurada, a Eucaristia é louvor e ação de graças a Deus. Recebê-la é unir-se intimamente a Jesus Cristo no grau máximo, porque é o corpo de Cristo que é acolhido no nosso interior. 
O livro é muito bom e inspirador, sendo simples e resumido. Agora falta apenas escutar os cânticos que vieram no CD que o acompanha.

domingo, 9 de agosto de 2015

Cultivar a imaginação

A imaginação está na base das ações humanas, pelo simples fato de que uma pessoa só faz aquilo que ela consegue imaginar. Não é possível planejar uma ação sem sequer concebê-la imaginativamente. Daí decorre a importância fundamental que tem a imaginação para a vida humana.
A imaginação pode ser cultivada, de modo que podemos desenvolvê-la para ampliar o leque de possibilidades que concebemos para as diversas situações da vida e para a nossa vida como um todo. Por exemplo, o que você quer ser nesse mundo? isto é, qual a sua vocação, aquela missão que só você tem e que, se você não fizer, ninguém fará no seu lugar? Se você consegue imaginar bastantes possibilidades de vida humana, pode também avaliar as que mais te agradam e as que são secundárias ou dispensáveis. Além disso, conforme for ampliando a capacidade imaginativa e conforme forem se abrindo novos caminhos no decorrer da existência, você poderá ir concebendo melhor qual seja essa missão. Por isso, é de muita importância cultivar a imaginação, através de pinturas, fotografias, músicas e, sobretudo, literatura. Esses elementos agem em harmonia, porque a pintura, por exemplo, fornecerá imagens visuais que serão muito úteis para que você veja internamente a narrativa que estiver lendo num romance, além de desenvolver um senso de unidade maior. Assim, cultivar a imaginação é de fundamental importância.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Leitura do livro de Jeremias


Estou lendo o livro do profeta Jeremias. Que livro maravilhoso! Ele nos mostra um Deus que ama profundamente o povo de Israel, que o repreende com uma dureza muito intensa, quando ele segue pelo caminho da idolatria e da perversidade, e lhe faz promessas de uma beleza grandiosa quando está no cativeiro. Como não poderia faltar, no livro já está anunciado um tempo de vitória para Israel, quando Jesus Cristo viesse, e a lei do Senhor seria escrita nos corações dos israelitas e todos o conheceriam, desde o menor até o maior. Há também a pungente profecia do pranto de Raquel, que chora os seus filhos mortos e não deseja ser consolada, que nós veremos no Evangelho, quando Herodes procura matar o Senhor Jesus Cristo matando todas as crianças novas. Momento de profunda dor. 
Estou para começar o capítulo 33 e no total são 52, mais as Lamentações. Bom demais!

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Ler a Bíblia

A Bíblia é um livro para ser lido todos os dias, seja você protestante ou católico. Eu sempre me impressiono com o vigor espiritual que vem dela. Houve uma longa época em que a Bíblia não estava disponível a todos os cristãos, para uma leitura diária individualizada, porque não tinham inventado ainda a imprensa, que Gutenberg veio a conceber no século XV. Até esse tempo, as cópias das Sagradas Escrituras eram feitas à mão por monges muito dedicados, de modo que copiar a Bíblia inteira para cada fiel não era possível. Em todo esse período, o ensino bíblico estava depositado nas mãos de sacerdotes altamente capacitados para isso. Não estou dizendo que hoje não haja necessidade de sacerdotes assim, mas agora há a possibilidade de um contato muito frequente com as palavras sagradas, de modo que, por exemplo, na fraqueza e na tristeza, a leitura dos Salmos fará um bem enorme, os milagres e palavras do Senhor Jesus Cristo fortalecerão a nossa fé, Sua Vida, Paixão, Morte e Ressurreição nos mostrarão o que há de mais importante. Assim, é uma dádiva ter a Bíblia disponível para cada pessoa, embora seja importante mencionar o cuidado nas interpretações, porque a Bíblia, tendo um texto e um cânon imutáveis, tem ensinamentos para todas as civilizações e épocas, pelos séculos dos séculos, até o fim da história terrena, de maneira que seu entendimento não deve ser feito sem muito cuidado.