sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Catolicismo e Status Quaestionis

Todo aquele que deseje debater algum dogma do catolicismo e rejeitá-lo, como a existência do purgatório, a intercessão dos santos, a ascensão da Virgem Maria ou qualquer outro, precisa necessariamente conhecer todo o desenvolvimento dos debates em torno do tema, que se desenrolaram até o estabelecimento do dogma. Não refazer, através do estudo, esse caminho é não saber o que está em jogo. Evidentemente, a pessoa pode preferir a priori ficar com a doutrina de Lutero ou qualquer outro, mas precisa ter a honestidade de confessar que não é capaz de refutar os pontos do catolicismo e que toma o protestantismo de maneira irrefletida, assumindo sua veracidade antes de tudo, uma vez que esse movimento dentro do Cristianismo surgiu em reação à doutrina católica. Também, apresentar versículos bíblicos de maneira sumária, sem dialogar com a tradição interpretativa de 2000 anos, como se o sentido deles fosse raso e sem nenhum alcance maior, simbólico inclusive, não é uma opção válida, porque a Bíblia é um livro inesgotável, que valerá pelos séculos dos séculos, até o Juízo Final, de modo que a riqueza dela não pode ser abarcada num relance de olhos. A livre interpretação das Escrituras é um contínuo reinventar da roda, que pessoas que não têm condições de dedicar-se inteiramente a esse estudo devem fazer sozinhas. Na verdade, porém, coisas que estão sendo descobertas agora por alguns podem já estar explicadas de maneira muito mais completa e profunda nos autores católicos antigos, medievais e recentes. Portanto, para quem deseje "refutar" a doutrina católica de maneira responsável, é necessário estudá-la e refazer o estado da questão até o estabelecimento do dogma. Ou isso ou acomodar-se a dizer que não estudou e que portanto não pode opinar sobre o assunto.

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