sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Estilo: substantivos e adjetivos

Assistindo a uma aula do COF sobre abstração, uma percepção intensa sobre a função do substantivo e do adjetivo numa frase me veio à mente de uma maneira tão teimosa que simplesmente não consegui mais prestar atenção à aula. É uma ideia muito simples, conhecida nos primeiros anos de estudo gramatical, mas que me fez refletir sobre minha própria maneira de escrever e poderá ser útil para você também.

O substantivo é uma classe morfológica que diz respeito a coisas em seu estado puro e conceitual. A palavra "cadeira" indica a espécie de objetos que se chamam cadeira, sem nenhuma especificação, sem nenhuma nota acidental, sem o apontamento de qualquer característica. O substantivo é breve, bruto, direto, condensado, lacônico, o que pode ser insuficiente para a expressão vivaz de certos pensamentos. Por isso, o adjetivo é um recurso verbal excelente e indispensável, que explicita certa característica já presente no substantivo, mas não atualizada por ele. Dizer "cadeira vermelha" é tornar o objeto mais vivo, mais presente, mais determinado para o leitor, o que está de acordo com a regra estilística que ensina a preferir o termo próprio em lugar do termo genérico. Desse modo, o adjetivo ajustado é importantíssimo para a expressividade vivaz do discurso.

Usar apenas substantivos, verbos e outros termos, deixando o adjetivo e as locuções adjetivas de lado, torna o discurso duro, compacto e menos expressivo do que ele poderia ser. Por outro lado, adjetivos em excesso levam o enunciador para o outro lado dessa esfera, em que as qualidades e características das coisas se apresentam em excesso, mas os próprios objetos se tornam vagos ou quase ausentes. O discurso fica frouxo.

Há escritores brasileiros de grande qualidade que se aproximaram mais de um pólo ou de outro. Por exemplo, Graciliano Ramos era extremamente comedido no uso de adjetivos, enquanto escritores românticos como Gonçalves Dias utilizavam-no muito mais efusivamente. Tanto um como outros foram bons no que fizeram, mas têm características pessoais diferentes.

A linguagem substantiva pode se tornar árida, abafada, emocionalmente deficiente, enquanto que o excesso adjetivo pode indicar emocionalismo barato, superficialidade, puerilidade. Ademais, o adjetivo pode empolar o estilo e, pelo excesso, dificultar a compreensão, como em discursos em que o sujeito se preocupa mais com dar impressão erudita que falar de alguma coisa efetivamente. A utilização harmoniosa e dosada de ambos deixará o discurso belo, claro, expressivo e vivaz. Um é a solidez do enunciado e outro a sua exuberância.

Por fim, há exercícios eficazes para o desenvolvimento da utilização adequada dos adjetivos, como procurar descrever com muita pontualidade lugares, pinturas e imagens em geral.

Foi isso.

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